S.O.S Monte Estoril é o nome da petição popular que foi lançada na semana passada e que tem como objectivo apelar à preservação do antigo Hotel Miramar (que já foi aqui referido), considerado pelos historiadores “como uma preciosidade notável de arquitectura de veraneio do início do século XX”. Para o historiador João Aníbal Henriques, trata-se de uma “pérola”, sendo a sua preservação “uma expressão de inteligência”.
A petição foi lançada pela Associação de Moradores do Monte Estoril, que estão muito preocupados com o destino que a Câmara de Cascais pretende dar àquele imóvel. “É preciso salvaguardar a sua envolvente verde, o paisagismo, a memória física da fachada, a volumetria final. E é preciso que o arquitecto fale connosco”, disse Raquel Henriques da Silva, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, aquando da apresentação pública da petição.
Para os responsáveis da iniciativa, o actual projecto de recuperação para o local vai aumentar em 300 por cento a área de construção do antigo hotel, e está ferido de ilegalidade à luz do Plano Director Municipal (PDM). Preocupações que a associação de moradores fez saber durante a fase de discussão pública do projecto. Neste momento, aguarda-se um parecer da CCDR-LVT.
Citado pelo Público, Salvador Corrêa de Sá, da associação de moradores, deixa bem claro o que se pretende com esta iniciativa: O objectivo peticionário “não é estar contra que se façam coisas, não somos contra o novo hotel, mas que o façam com conta, peso e medida, sem aço e vidro, como o Estoril Residence, mas tomando em conta a vontade dos moradores, a caracterização da zona e o espírito do local”.
O Movimento Ser Cascais esteve presente no lançamento da petição e está totalmente empenhado nesta causa, e faz um apelo para que as pessoas subscrevam esta petição, de modo a corrigir-se o plano de pormenor para a reestruturação urbanística do terreno onde se encontram as ruínas do antigo imóvel, e que abriu caminho a mais um “atentado” na memória arquitectónica e histórica do Concelho.
Passeio Ser Cascais pelo trilho do Antemanhã até ao Tholo Pré-Histórico do Monge na Serra de Sintra/Fotos:FG
Ao percorrer o trilho do Antemanhã até ao Tholos Pré-Histórico, no topo da Serra de Sintra, que os Monges Capuchos utilizavam como local alquímico de introspecção, as cerca de 50 pessoas que se juntaram para mais um passeio organizado pelo Movimento Ser Cascais partiram à descoberta de um lugar especial, muito cedo, quando a Serra ainda estava disfarçado por um manto cinzento e era bafejada pelos ares frescos matinais.
À semelhança do que tem acontecido nos passeios anteriores, também neste, a beleza, a aventura, e o convívio surgiram como elementos naturais, contribuindo para umas horas bem passadas e de muita boa disposição.
Mas estes passeios têm sido mais do que descobertas, aventura ou lazer, têm sido também formas de envolvimento entre as pessoas e Cascais, seja através das suas belezas naturais, da sua história, da sua tradição ou dos seus costumes.
Um envolvimento que permite aproximar os cascalenses ao seu Concelho, ou pelo menos a uma parte dele, uma parte mais desconhecida e distante e que, muitas das vezes, está esquecida e, nalguns casos, abandonada.
Os passeios que o Movimento Ser Cascais tem organizado, assim como outras iniciativas que aí virão, pretendem dar a conhecer as várias realidades do Concelho, não apenas naturais, mas também históricas, culturais e sociais.
Cascais é uma terra de enorme beleza e de potencialidades, mas também tem inúmeros desafios que precisam de ser ultrapassados. A beleza e as suas maravilhas não devem ofuscar os cascalenses para os atentados urbanísticos e ambientais que têm sido perpetrados nos últimos anos, para as desigualdades sociais e outros problemas que se têm adensado neste altura de grandes dificuldades, para as oportunidades perdidas em termos de investimento e de aposta em turismo de qualidade.
É por isso que os passeios Ser Cascais são também momentos de cidadania e de reflexão sobre toda a realidade envolvente do Concelho, com tudo o que tem de bom e de mau.